O que é Complexo de Cinderela: será que você tem?

Você deve se lembrar de um dos contos de fadas mais famosos que, com certeza, fazia seus olhos brilharem quando criança. A história da gata-borralheira, fala da vida de uma menina que perde os pais e passa a viver com pessoas que a tratam mal e seus problemas, finalmente, se livra de todo mal quando o príncipe chega.

Por conta disso, serviu de inspiração ao nome para a insegurança e medo que mulheres têm da independência: complexo de Cinderela. Saiba tudo que você precisa saber sobre ele aqui.

O que é o Complexo de Cinderela?

Resumidamente, o Complexo de Cinderela é a soma de medos reprimidos, comportamentos e inseguranças que bloqueiam o potencial e o uso da criatividade por parte das mulheres.

Ele foi apresentado por Colette Dowling, psicanalista americana, no livro que leva o mesmo nome. Com base no conto da princesa, a pesquisadora estudou a relação de medo que mulheres podem ter da própria independência.

Segundo ela, as mulheres que possuem o complexo, trazem inconscientemente o desejo de serem cuidadas e acabam desprezando seus gostos e vontades. Suas crenças limitantes impedem-nas de acreditar que são capazes ou que tenham alternativa, além de cuidar do lar e, ainda, que a felicidade está ligada diretamente ao casamento.

A interferência do complexo possui uma forte ligação com a baixa autoestima, atrapalhando inclusive, na área profissional, por isso é comum encontrar mulheres que possuem dificuldade de liderar equipes ou buscar novas habilidades profissionais, que agregariam em sua profissão, porque não acreditam em seu potencial.

Por conta dele, muitas preferem manter-se em cargos menos expressivos, pois acreditam que assim serão mais assistidas do que em um cargo expressivo ou de liderança, onde ela que precisará assistir a seus subordinados.

Por que combater a Cinderela que vive em você?

Tudo que a impede de crescer deve ser considerado errado. Nada que abala sua autoconfiança deve ser alimentado, pois, é importante para sua saúde mental, autoestima e a maneira que você percebe o mundo e as coisas a sua volta. 

Como pessoa, é importante saber tudo que pode fazer. Sua capacidade de criar, produzir e de seguir seus sonhos. Que apenas você deve ter o poder de escolha, mesmo que queira ser uma dona de casa, cuidar dos filhos e ter o marido para prover a casa, não há problema nisso. Desde que você saiba que isso foi uma escolha saudável e não uma escapatória para não enfrentar os medos da independência. 

Como surge uma Cinderela?

A educação dos pais pode contribuir bastante para que se desenvolva uma Cinderela. Quando criança, os pais tendem a envolver as meninas de cuidado, enquanto os meninos são incitados a ter coragem. 

Por conta disso, ela passa a crer que sempre terá amparo e cuidado advindo dos outros, mas também que para suas realizações, precisará eternamente dos outros.

Se durante sua infância ela é tratada como um ser frágil, com superproteção ou passa a ter a impressão de que não consegue se cuidar sozinha, seus passos são facilitados, portanto, sua iniciativa será limitada.

Quando os pais a ensinam a ser uma boa menina e a se comportar sempre, aceitando coisas, mesmo que não se sintam confortáveis, estão contribuindo para sua passividade. Isso passa a ideia de que ela não é suficiente sozinha.

Crescendo dependente, sua autonomia estará ameaçada, com capacidade reduzida e sem compreender que pode progredir sozinha.

Com o complexo de Cinderela, quando pensar em tomar uma decisão, sair de casa, por exemplo, a voz na sua cabeça a impedirá, questionando sobre quem irá ajudá-la quando precisar.

Quando você percebe que, ao contrário da Cinderela do conto de fadas, nem sempre o final é feliz

A maturidade, normalmente, é o momento em que a mulher perceberá os resultados do complexo. Muitas delas quando se divorciam ou ficam viúvas, se arrependem de não terem feito mais, ou mesmo, sentem que poderiam ter feito muito por si mesmo e fizeram nada para crescer independente do outro.

Noutros casos, a mulher abdica de si mesmo para cuidar da casa, do marido e dos filhos e se sente realizada, pois isso dará autoestima, no entanto, se ela abandona a si, depois pode culpar as outras pessoas por não ter tido oportunidades ou cuidado de si enquanto pôde.

Muitas não conseguem ver escapatórias de relacionamentos abusivos, pois não se veem sem depender da outra pessoa. Mesmo que o príncipe seja péssimo, não consegue ver outra alternativa que não se submeter a ele.

E se eu quiser ser uma Cinderela?

De fato, existem mulheres que preferem cuidar da casa. Que sonham em ter filhos, cuidar do marido e se sentem felizes assim. Isso não é um problema, desde que seja o que você quer e não que esteja relacionado ao medo de fracassar.

A mulher pode ser o que ela quiser, de empreendedora e CEO de uma grande organização a uma dona de casa, mãe, dedicada e amorosa. O que você não pode é pensar que isso é uma espécie de destino, que está reservado para você e que não pode fazer nada para mudá-lo.

Nossa capacidade de aprender e desenvolver habilidades é quase ilimitada, a negatividade e acreditar que não consegue é o que nos limita.

O importante é que você esteja feliz e entenda que pode sempre mais, e se quiser, pode conseguir através do seus esforços.

Como deixar de ser uma Cinderela

Não espere que alguém te salve

Muitas vezes a ajuda de fora pode nunca chegar. Cruzar os braços e esperar uma solução mágica aparecer não é uma boa ideia.

Seja a dona do seu próprio castelo. Tome as rédeas da sua vida e busque alternativas para as situação que aparecerem ou em que vive, mas não lhe agrada. Seja lógica e racional, entenda que você pode muito mais do que acredita.

Não seja inimiga de si mesmo

Existem dois caminhos, você pode ser a própria bruxa má da sua história ou usar a inteligência para fugir do cativeiro. Não deixe de crescer e progedir profissionalmente ou internamente, pois, se chegou até aqui, você tem inteligência, e pode não estar usando todo o seu potencial.

Deixe o medo de lado

O medo faz parte da nossa evolução. Ele foi um dos responsáveis pela humanidade chegar até aqui, mas existe o medo racional, aquele que te faz sair da frente de um carro em movimento, e o medo irracional, aquele que exagera a realidade e que te impede de tentar coisas novas.

Arrisque-se. Aprenda novas coisas, lute por um cargo melhor na empresa, comece a empreender ou deixe o relacionamento que te faz mal.

Comece pelo mais fácil e avance conforme sua autoconfiança vai ganhando forma. Um passo de cada vez.

Reconheça seus feitos

Algumas pessoas têm a mania de atribuir as suas conquistas a outras pessoas, ou mesmo, a sorte ou o destino. 

Não seja assim, isso destrói sua autoconfiança e estima. Valorize cada pequena vitória, reconheça que não teria acontecido sem você ter tomado a iniciativa e que sua inteligência é maior do que possa imaginar.

Aprenda a criticar a situação em que vive

Comece identificando o quanto tem sido ruim para você mesma se inferiorizar por tanto tempo. Perceba o que de negativo já aconteceu por causa das decisões que deixou que tomassem por você.

Saiba reconhecer o porquê das coisas ruins que aconteceram ou acontecem, só dessa forma você pode crescer e mudar os maus hábitos.

Direcione suas energias para coisas positivas, esqueça as fantasias, e dependa unicamente da sua proteção e atitude de melhorar.

Seja o que quiser ser, para isso, basta encontrar seu potencial, respeitando os seus limites e do próximo. Você pode e consegue mais.

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