A morte não é um fenômeno simples de ser compreendida e nem de ser aceita em nossa sociedade. Se para nós adultos passar por uma perda já é complicado, imagine como é essa experiência para uma criança!
Na tentativa de poupá-las dessa dor, muitos pais não falam sobre o assunto e, com isso, não as preparam adequadamente para lidar com o luto infantil. Quando uma criança perde um animalzinho de estimação, por exemplo, não é raro que os pais tentem substituí-lo rapidamente, evitando, assim, de lidar com o tema, com a seriedade e atenção que merece.
Agindo dessa maneira, a criança não compreende e não percebe a morte como deveria. Com isso, se algum parente próximo ou amigo falecer no futuro, é provável que o jovem não tenha condições psicológicas para lidar adequadamente com a situação e essa incapacidade pode acarretar em problemas emocionais graves futuros.
O luto infantil é igual ao luto em adultos?
Um dos mais graves erros ao lidar com o luto infantil é acreditar que os jovens não entendem a morte e, por isso, não precisam lidar com ela. Mesmo as crianças menores podem compreender esse período de perda e internalizarem sentimentos relativos a ela.
Assim como os adultos, as crianças enlutadas também podem passar pelas 5 fases (raiva, negação, barganha, depressão e aceitação). Porém, diferente dos adultos, essas fases são vivenciadas de maneiras diferentes.
Ao sentir raiva da perda, a criança poderá apresentar pesadelos, ficar irritadiça com os familiares e até com os colegas da escola. Por isso, é essencial que os adultos estejam sempre atentos a essas mudanças de comportamento.
Em geral, o período de luto infantil é um pouco diferente do luto dos adultos e, por isso, suas necessidades também são distintas. Nesse período, é importante que a criança:
Compreenda a morte como uma realidade da vida
Desta forma, os adultos devem evitar frases com duplo sentido que podem confundir a criança, como dizer que “fulano foi viajar” ou “está dormindo”. Com isso, a criança poderá esperar que o falecido retorne ou acorde do seu descanso.
Sinta a dor da perda
A maior parte das crianças ainda não aprendeu a reprimir seus sentimentos e isso é algo positivo. Deixe que a criança vivencie seus sentimentos e encoraje-a a falar sobre o que está sentindo.
Relembre a pessoa que partiu
Outro erro muito comum é retirar tudo o que relembre o falecido da vida da criança para evitar que ele sofra. O ideal é, justamente, incentivar que a memória de quem partiu esteja sempre viva, por meio de fotos, vídeos e histórias, celebrando a vida do falecido e a importância que ele teve no desenvolvimento da criança.
Desenvolva uma identidade própria
Normalmente, a identidade das crianças é moldada pelo convívio dela com os adultos próximos. A perda de alguém como o pai, a mãe ou os avós, por exemplo, pode fazer com que a criança se sinta perdido e sem saber quem é.
Evite tentar preencher o vazio deixado por quem partiu. A criança, com o tempo, passará a fazer esse processo de forma própria, entendendo a morte de maneira distinta em cada uma das suas etapas de desenvolvimento.
Entenda a morte
É comum que, quando a criança vivencia o luto, ela questione os adultos próximos sobre o que acontece depois da morte e os motivos que fazem com que as pessoas morram. Se você se sente desconfortável para falar sobre isso, converse com a criança, mostrando que você também não tem todas as respostas e que é natural nos fazermos esses questionamentos ao longo da nossa vida.
Receba apoio
Lembre-se que o luto é um processo longo e é essencial que a criança se sinta amado e protegido durante esse tempo. Crianças que possuem suporte emocional lidam melhor com o luto infantil e transformam-se em adultos mais saudáveis.
O que acontece se a criança não lida com o luto infantil?
Assim como acontece com os adultos, algumas crianças também podem apresentar dificuldades em entender e aceitar a morte, vivenciando o luto infantil de maneira problemática.
Se isso ocorrer, é possível que a criança apresente alguns sintomas como:
- infantilização;
- insônia;
- pesadelos;
- desinteresse pelas atividades que costumava gostar;
- retrocesso de desenvolvimento;
- pânico;
- ansiedade;
- medo excessivo da perda de outros adultos;
- perda de apetite;
- dificuldade de lidar com a realidade;
- depressão.
Em último caso, pensamentos suicidas podem surgir quando a criança não entende que determinada pessoa faleceu, como ocorre quando os adultos dizem que “fulano fez uma viagem para o céu”, por exemplo. Nesse cenário, a criança pode tentar “se encontrar” com o ente falecido.
Esteja atento a alterações
É preciso que os adultos próximos estejam atentos a essas alterações comportamentais e busquem ajuda especializada. Sempre favoreça a comunicação e o diálogo, buscando que a criança expresse seus sentimentos, inclusive os negativos, que também são comuns nesses momentos. O suporte emocional é essencial para que a criança entenda a morte e vivencie o luto de maneira adequada, tornando-se um adulto saudável.
Ficou mais fácil entender e lidar com o luto infantil?
Ainda tem dúvidas sobre o tema?
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